quinta-feira, 8 de julho de 2010

Feliz Ano Velho

A gente às vezes comete algumas cagadas na vida. Minha vida é cheia delas, assim como a sua. Em Feliz Ano Velho, Marcelo Rubens Paiva conta sua história,  sua grande cagada. Como alguém em estado de loucura (não me lembro se maconha ou álcool, ou se os dois) pula em um rio sem saber a profundidade? E pula fazendo a pose o Tio Patinhas? A morte chega tão perto, assim, num salto babaca.Que fragilidade!

O livro é sensacional. É mais um daqueles que eu devia ter lido aos 15 anos, mas não li, talvez porque estava ocupado demais em ler o que os meninos da minha idade não liam. Ou estava no icq mesmo. Bom, então li aos 23. Aos 23 anos de idade é legal ler uma  autobiografia dessas. Ele tinha minha idade quando ficou paraplégico. Como o Marcelo conseguia ser tão legal, tão jovem, tão confiante ali na cama de hosítal, sem saber se voltaria (e não voltou) a andar um dia?Parece que ele viveu intensamente tudo o que tinha pra viver antes do acidente (ou da cagada). Penso se eu vivi também.

Não é um texto pra se pensar na morte. O livro me questiona o tempo tudo. Me coloca na parede diante da história de vida do autor. É sincero demais pra minha cabeça. Às vezes chega a incomodar. Mas é tão doce de ler que invejo a simplicidade de como é escrito. Observe:
De que vale a eternidade? Um orgasmo dura poucos segundos. A vida dura poucos segundos. A história se fará com ou sem a sua presença. A morte é apenas um grande sonho sem despertador para interromper. Não sentirá dor, medo, solidão. Não sentirá nada, o que é ótimo. O sol continuará nascendo. A terra se fertilizará com o seu corpo. Suas fotografias amarelarão nos álbuns de família. (PAIVA, Marcelo R. , p. 64, 1982).
Eu queria escrever como ele. Ou melhor, queria saber viver como ele. 
  

4 comentários:

  1. Muito bom querido..
    voce escreve super bem.
    atiçou a minha curiosidade quanto ao livro.
    bjao.. e sucesso no seu blog.

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  2. Viver a vida na intensidade de um segundo é algo que me instiga curiosidade, mas essa tentativa enlouquecedora de viver tudo faz com que a gente deixe de enxergar a parte mais importante... quem nós somos de verdade!!

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  3. Lendo o seu blog lembrei de uma frase:
    "Viver é a coisa mais rara do mundo. A maioria das pessoas apenas existe".

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  4. Cunhado. devo dizer. Marcelo Rubens Paiva fez bem a você. Ele, lido com carinho, faz bem para todo mundo. Tenho um livro delicioso de crônicas dele, quando achar empresto a você. Eu li (exageradamente) feliz ano velho (acho que umas 8 vezes). A primeira foi com 10. A última há uns 2 anos atrás. É sempre um livro novo, mesmo que tenha velho no nome, arte que poucos conseguem fazer. manter o que já estamos acostumados com cheirinho de novo.
    Tem uma magia literária e orgástica que é um barato. Dá vontade de ser o Marcelo ou ser uma das mocinhas que ele trás no livro. Todos os personagens tem uma beleza simples que faz rir ou doer.
    Tive a oportunidade de falar poucas palavras com ele, em um evento do SESC. Ele é assim, simples e mágico.
    Eu tenho um livro dele, que nem ele tem, hehehe.
    Ah! Mas, este eu não empresto não.

    Gostei do seu espaço aqui. Bom conhecer além da convivência onde não se convive direito.
    E através daqui conheço mais de ti, do yoda. da história que faz essa família que gosto tanto e fico mais próxima, para passar adiante para a pequena.

    Beijos,
    Bruna

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