sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Quando não se importar com mais nada




    Devagar, senão a vida atropela. Se a gente encara os fatos e range os dentes sem olhar pro lado, a vida te passa uma rasteira, meu amigo. Mas admita: você nunca foi realmente quem achava que era. Aliás, você continua aí parado por quê?

   Continue fazendo o que as pessoas que você pensa que ama acham que você deve fazer. Esse é o caminho, amigo. Senão, desentoca aquele vinil dos Beatles e bota bem alto, pra vizinhança ouvir à meia noite. Aquela poesia antiga do Neruda, lembra? Leia na praça, aos gritos, às seis da tarde. Publique o livro que escreveu ano passado. Troque de roupa. Dance. Durma até tarde. Rasgue os papéis. Dê descarga. Chore sem medo. 

   Mas não se arrependa. Não se arrependa quando tudo desmoronar e você ficar sozinho. Mudo, talvez cego. Quando não se importar com mais nada, acabou. A casa cai. Mas vai lá, chuta esse balde logo antes que seja tarde.

       E antes que fosse tarde, fui ouvir as palavras de alguém mais inteligente do que eu, que disse:

       - Você não se parece com o que pensa. Você não se parece em nada com o que sente.