sábado, 23 de outubro de 2010

Para sempre é composto de agoras

Deu saudade. Sobrou um tempo livre nesta tarde nublada de sábado. Desatolei-me da lama de provas em que um final de bimestre afunda o professor. Arrumei superficialmente meu quarto e minha vida. Agora posso escrever alguma coisa nesse blogue. Reli os primeiros textos e me senti idiota. Fiquei na dúvida se deveria escrever ou não. Decidi que não. Mesmo assim estou escrevendo.

Ando despendendo muitas horas dos meus dias na infinita tarefa de ser feliz. Tinha me esquecido que ser feliz dá um baita trabalho. Que a leveza é cheia meandros. Que a vida é doce dependendo do paladar. Refiz meus planos para o futuro. Reli as páginas dos últimos três meses e as comparei com as dos últimos três anos. Há certa dureza, mas não frieza, na afirmação, no meu olhar, quando disse na frente do espelho – que acabo de imaginar na minha frente – que eu sei muito bem o que quero pra mim. Eu tenho novamente planos. E só se constroem planos quando não se está sozinho. Eu não estou.

Pensar no futuro fortalece o agora. Folheando hoje um caderno antigo achei uma anotação no rodapé. Tenho mania de anotar citações que acho interessantes nos rodapés de livros e cadernos. Coisas que ouço ou leio em qualquer lugar. Estava escrito assim: “Para sempre é composto de agoras”. A internet me ajudou a encontrar o autor. Emily Dickinson, uma poetisa norte-americana do séc. XIX. Ela escreveu mais de 1800 poemas e cerca de 1000 cartas, mas nunca publicou nada, a não ser alguns poemas anônimos. Engraçado, não faço a menor idéia de quando anotei essa frase. Não fazia idéia alguma de quem era Emily Dickinson. Mas li essa frase como se eu tivesse acabado de elaborá-la, como se fosse minha, como se fosse um pensamento formulado dentro da minha própria cabeça. “Para sempre é composto de agoras”. Eu quero o para sempre, por isso a intensidade com que tenho vivido os agoras. E é difícil mesmo, não pensei que seria fácil.  Com paciência, acho que estou aprendendo. Acho que estou crescendo.