segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Lua, não se esconda


Amiga Lua, não deixe a vida passar. Continue a girar em torno do planeta dos que te amam sem que você veja. Logo você, Lua, que há muito eu não via no céu escuro do meu quarto abafado, chega agora pra fazer cheia onde há algum tempo eu era minguante. Assim, de repente. Quem se importa com o dia, Lua, quando se tem a noite pra si? O dia só existe pra que você descanse. Pra que haja saudade da Lua. E sempre de passagem, você cruza minha noite rasgando lentamente o céu. Linda.

Querida Lua, na vida a gente precisa se esconder um pouco, eu acho. Se esconder da vida, sei lá. Tem dias em que você vai querer estar atrás de uma enorme sombra: Lua Nova. Fique lá por um tempo, mas não o tempo todo. Volte sempre que quiser alguém pra te admirar. Assim, do jeito que você realmente é. Ilumina em mim essa vontade de te descobrir. Tantas coisas que sei de você agora. E nem astronauta sou. Somos tão parecidos, Lua.

Bonita Lua, nada no teu solo pode ser escondido. Por trás da escuridão e exuberância existe um certo desespero por ser assim, tão Lua. Intensamente Lua. Tão bela de tão branca. Um quase brilho. Hoje descobri que o sol só existe pra te iluminar. Os pensamentos bagunçados são sua gravidade que me deixa flutuar. É sério: Lua, promete pra mim se esconder das lunetas dos astrônomos? Apareça só para os poetas de olho nu. Para os poetas que sorriem com você. Apareça.

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